A dieta dos soldados durante a guerra do Vietname

Grupo de soldados partilhando refeição no meio da selva

A Guerra do Vietname, que decorreu entre 1955 e 1975, representou não apenas um desafio militar e político, mas também um teste significativo à logística alimentar das forças armadas americanas. A necessidade de alimentar milhares de soldados em condições extremas, num ambiente tropical e hostil, obrigou o exército americano a desenvolver estratégias inovadoras para garantir a nutrição adequada das suas tropas.

No início dos anos 60, o Departamento de Defesa dos Estados Unidos introduziu as famosas rações C, conhecidas como “Charlie rats” pelos soldados. Estas refeições enlatadas, embora práticas, tornaram-se rapidamente monótonas. A empresa Swanson, reconhecida pelos seus produtos alimentares, foi uma das principais fornecedoras destas rações, que incluíam pratos como carne de vaca com batatas e feijão verde.

O clima húmido e quente do Vietname apresentava desafios únicos para a conservação dos alimentos. As temperaturas elevadas e a humidade constante tornavam a preservação dos alimentos uma tarefa complexa. Os militares desenvolveram embalagens especiais com revestimentos resistentes à humidade e implementaram sistemas de refrigeração em bases maiores.

Em 1966, surgiu uma inovação significativa com a introdução das Long Range Patrol Rations (LRP), refeições mais leves e nutritivas, que representaram uma revolução na alimentação militar, permitindo aos soldados transportar mais munições e equipamento sem comprometer a sua nutrição.

As bebidas assumiram um papel fundamental na guerra. A Coca-Cola estabeleceu fábricas móveis para fornecer refrigerantes gelados às tropas. O café instantâneo tornou-se um elemento essencial nas rações, oferecendo não apenas cafeína, mas também um momento de conforto em circunstâncias adversas.

Os nutricionistas militares desenvolveram suplementos vitamínicos específicos para combater a fadiga e as doenças tropicais. As rações foram enriquecidas com vitaminas C e B, essenciais para manter o sistema imunitário em condições extremas.

Os soldados frequentemente complementavam as suas rações com alimentos locais vietnamitas. O arroz, a fruta tropical e os legumes frescos tornaram-se complementos importantes à dieta militar standard, quando disponíveis e seguros para consumo.

O sistema de distribuição alimentar envolvia uma rede complexa de transportes, desde navios até helicópteros. As bases avançadas recebiam fornecimentos semanais, enquanto as patrulhas de longo alcance dependiam de reabastecimentos aéreos regulares.

A alimentação tornou-se um factor crucial para a moral das tropas. As refeições quentes nas bases principais representavam momentos de normalidade e conforto num ambiente de guerra. Os jantares especiais em ocasiões festivas, como o Natal, assumiam particular importância emocional.

As experiências e desenvolvimentos na área da alimentação militar durante a Guerra do Vietname influenciaram significativamente a evolução das rações de combate modernas. Muitas das tecnologias de conservação e embalagem desenvolvidas durante este período continuam a ser utilizadas nas forças armadas actuais.

Literatura recomendada
Gawne, Jonathan, Feeding the Troops: Mess Kits and Rations from the French and Indian War to Korea, Casemate Publishers, 2011.
Murlin, Edgar T., The Soldier’s Ration: A History of Food in the U.S. Army, University Press of Kansas, 1981.
Wright, Stephen, Military Rations: From the Civil War to the Present Day, Schiffer Publishing, 2013.

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